boff


ENERGIA
Tudo de fato é energia, todas as coisas fazem parte do todo, desde as partículas subatômicas até as formas mais complexas da matéria, nós seres vivos emitimos energia para o meio e recebemos a energia do meio, a nossa capacidade cognitiva decorre da complexidade dos nossos sistemas orgânicos, principalmente do sistema nervoso que nos capacita para a vida dentro dos limites do ambiente da terra, podemos sair para o cosmo, mas precisamos levar as mesmas condições conosco, fato que limita muito nossas ambições de viajar para lugares distantes do universo, mas na medida em que dominamos e avançamos em nossos conhecimentos, poderemos através da energia vencer muitos dos nossos limites.
Apesar de podermos entender e aceitar o fato de que somos compostos e movidos por energia pura, partículas de energia unidas que formam átomos que unidos formam substâncias que unidas formam moléculas, em seguida células, órgãos, sistemas, organismos complexos, com maior ou menor capacidade de adaptação e finalmente de dominar e modificar o meio, o ser humano, animal, racional senciente, resultado adaptativo de um organismo vivo ao meio ambiente estável da terra no qual vive até ai limitado a este meio e por este meio, energia pura de relações limitadas pelo meio de forma complexa e muito forte para ser capaz de manter estável o ambiente contra toda a energia cósmica que nos rodeia e nos atravessa a cada milionésimo de segundo, este ambiente ainda é estável, porém por tempo limitado, se ocorrerem mudanças neste meio a vida do ser humano de outros seres vivos poderá ser extinta ou não, mas chegará o momento em que a terra perderá seu equilíbrio e a vida nela se perderá também, chegará o momento em que cada um de nós deixará de viver, cada um ao seu tempo.
A capacidade cognitiva do ser humano possibilitou-nos buscar entender e controlar o meio, entretanto esta condição ao ser limitada ao meio não explica o porquê das coisas por melhor e mais profundamente possamos entendê-la, dar-lhe nomes, usá-la, enfim compreende-las, entre as nossas perguntas sem respostas que ainda persistem encontramos aquelas relacionadas com as nossas origens e de todos os porquês das coisas.
Três possibilidades podem ser consideradas, a primeira é que nossa capacidade cognitiva proporcionou-nos as condições necessárias para podermos nos desenvolver, técnica e emocionalmente, ao ponto de chegarmos à conclusão de que Deus não existe e que somos nós mesmo que o criamos para completar as nossas necessidades, concluímos que somos um mero acaso e que podemos ser únicos ou não, que nosso fim levará ao fim de todos os conceitos que criamos incluindo Deus, o ser humano animal racional senciente, técnica e emocionalmente equilibrado entende-se completo e como parte do universo, sendo apenas uma insignificante parte reciclável de toda a energia cósmica, entende, portanto que ao ser energia interage com o todo e com todos, interage com o meio físico (material), através de seus átomos, moléculas, células e do seu organismo, tanto material como emocionalmente, esteja o ser vivo ou não, estará sempre entremeado e entremeando a energia do todo, espalhando-se pelo universo sem fim e sem começo que surgiu dos nossos conceitos, embora seja complexo, assim como das coisas não podemos saber o seu porque, sabemos apenas que somos parte dele, que podemos vê-lo e tocá-lo que o universo é apenas energia como todos nós, apenas matéria/ energia, imanente, nem mesmo os nossos sentimentos são de fato permanentes por serem respostas elétricas do nosso cérebro quando explora nossos conteúdos cognitivos, enfim a nossa linguagem, sinais, símbolos e arquétipos do meio, incapaz de transcender além deste contexto definido para o indefinido, ou para o desconhecido, se é que existe de fato.
Neste caso faltam algumas respostas para algumas perguntas, tais como quem sou eu de fato, de onde viemos, o que havia um instante antes do inicio de tudo que criamos, antes do big bang, seria o self, ou é o meu eu verdadeiro que antecede este momento, se é que de fato existiu, uma vez que fomos nós que o criamos e o definimos como sendo big bang.
Desistimos de Deus que se torna incapaz de alterar as circunstâncias da vida, ao estar limitado à energia como matéria dissolvida e diluída no meio imanente e como energia, caminhamos sem rumos e sem destino, existimos por um instante e fim como qualquer ou ser vivo.   
A segunda possibilidade entende que tudo é energia, isto inclui o meio físico (material) e o meio espiritual (imaterial), seguindo uma forma de pensar o universo, de forma sincrética foram sendo ajuntados os conceitos existentes dentro das religiões do mundo, escolhendo entre dogmas e doutrinas aquilo que mais agrada e que menos conflitos trazem ao ecumenismo, assim vários pensamentos e definições de como entender este universo deram origem ao pensamento naturalista, mas que ao transformar o ser espiritual em energia o limita ao meio material e imanente, destruindo assim o self, voltando à primeira possibilidade na qual tudo se transforma de energia para energia, pois sugere que o ser espiritual é energia e que nasce  e se desenvolve junto com universo, de certa forma isto também exclui o self, pois sugere que este se desenvolve junto com este universo, e do caos organizado que nem sequer entendemos bem, surge em um momento à vida singular em nosso planeta, próprio para nós, mas que nos prende de forma quase definitiva a ele, para sairmos da nossa atmosfera, nós precisamos levá-la junto conosco em pequenos pacotes (espaço naves) cuja capacidade não pode sustentar a vida por muito tempo, assim sendo apenas podemos sair da terra em sonhos, ficção, delírios e emoções, divagamos sobre as possibilidades de sairmos ao espaço infinito, principalmente quando nos deparamos com ruínas de povos antigos cujos conteúdos culturais perderam-se no tempo ou foram destruídos em função do domínio de um individuo sobre o outro, de grupos sobre grupos, de povos sobre povos e de nações sobre nações, fato comum aos dias de hoje, porém neste momento muito mais devastador, pois as fronteiras ao serem destruídas também nos igualam e nos destrói como seres individuais que somos, influenciando até mesmo naquilo que sentimos ou expressamos, mas ainda não podemos responder de fato quem somos e nos afastamos do eu verdadeiro do meu self. Ao considerar o ser espiritual como energia, Leonardo Boff, o considera em primeiro lugar no universo e depois em nós e que ao recebermos o ser espiritual passamos a possuir grande energia, como disse “o espírito em nós”, que em determinados momentos deixa de ser espírito para ser o espírito das coisas como as árvores, como o espírito humano, como consciência do meio, mas que não transcende para além da energia, além dos limites da nossa consciência e capacidade cognitiva.
O ser espiritual encontra-se assim, limitado ao contexto que criamos conforme pensamos e entendemos, mas pensamos e entendemos de acordo com nossas referências culturais, que são de fato completamente desprovidas de elementos que transcendem o conteúdo cognitivo do meio, e da mesma forma Deus como energia se torna um espectador e seu pensamento pensado segue seu curso apesar de nós animais e do ser espiritual em nós que serão reciclados por serem energia e/ou matéria.
Estes sentidos e interpretações do espirito se parecem muito com o aquilo que determinou Hegel na filosofia do espirito, um espirito em evolução, mais como o espirito da coisa do que relacionado com o ser espiritual, no incio é uma ideia, depois se transforma na natureza que ao se esgotar, volta a ser ideia agora como espirito, mas como o espirito da coisa. 
A terceira possibilidade considera que a partir dele mesmo, Deus, criou todas as coisas, neste caso tanto o meio físico (material), a energia imanente, a existência e o meio espiritual (imaterial), que transcende a matéria e a energia, é a essência, o ser espiritual tal como somos, muito mais complexos do que os conceitos que criamos e recriamos, somos de fato seres espirituais, somos parte do todo que inclui também aquilo que se encontra além dos limites estabelecidos pela nossa capacidade cognitiva, devemos buscar os seres espirituais que somos muito além do que aprendemos a sentir, muito além da linguagem, dos símbolos, dos arquétipos e dos conceitos culturais,precisamos sentir além dos sentidos.
O Deus verdadeiro volta assim ao contexto sem estar limitado aos nossos conceitos e a energia, volta como causa primeira e como principio criador, seu pensamento pensado nos inclui e assim podemos fazer parte da história ao fazê-la, não apenas como um acaso, ou como energia reciclável, mas como o self que precede a energia, nós somos seres espirituais cujo caráter está completamente definido e determinado pelo pensamento pensado de Deus, que de fato é perfeito e bom, poderemos ou não transcender para além dos nossos conceitos culturais complexos e indefinidos, confusos e diversos, conflitantes e morais, desprovidos de ética, de respeito, de solidariedade e de amor, ao aceitarmos os conceitos imanentes e desprovidos de caráter, esperança, amor e de respostas, acabamos definitivamente como qualquer animal ou simplesmente como energia reciclável, mas se buscarmos transcender para o imaterial em busca do Deus verdadeiro que pode em função do seu caráter e do seu amor mudar todas as circunstâncias, poderemos entender o incognocível,  ############## 
Caráter e amor que podem ser representados por uma completa harmonia dos seres espirituais entre si e com o Deus verdadeiro, somente a partir desta harmonia nós poderemos saber quem de fato somos e o porquê das coisas, de forma definitiva, descontados os nossos conceitos precários e escravizadores, no momento em que ao morrer o ser animal no qual vive, o ser espiritual, torna-se livre e consciente de todo o contexto, principalmente aquele que transcende o meio material.
Voltamos para Deus e mesmo contra todas as dificuldades que enfrentamos podemos esperar a paz, o caráter que nos define, determinado em relação aos critérios de Deus, é o self de cada um a nossa essência, individual, subjetiva e incognoscível, como define Kant é a realidade tal como ela é numenos, diferente da realidade que eu percebo através dos conceitos do meio, como fenômenos que definimos como a energia e a matéria.
O caráter do self, individual e livre que como essência precede a existência imanente do ser, representa junto com o Deus verdadeiro tudo que de fato existe antes e depois, ao ser o inicio o meio e o fim das divagações que fazemos entre reflexões e delírios, restando o amor como o único diferencial neste caráter.         

Deus É, enquanto o espírito em nós é em si mesmo, foi antes, é em nós e será depois, seja em Deus ou com Deus,   
O grande problema da construção dos conceitos no nosso tempo decorre das influências que ao longo do tempo determinaram a forma do individuo pensar e entender, tanto em particular como em sociedade, estas influências ocorreram inicialmente na estrutura da sociedade e persistem até hoje, vivemos ainda em uma sociedade estratificada, espalhados nos degraus de uma pirâmide social injusta, na qual os desníveis geram os extremos, onde poucos vivem com muito e muitos vivem com pouco, em uma estrutura na qual ainda persistem os reis, os suditos e os escravos, consequentemente em um cenário de sofrimento como este as religiões proliferaram com seus dogmas equivocados sempre atrapalhando também a nossa forma de pensar e entender, em função basicamente destas influências, aprendemos a pensar e a entender  de uma forma propria para este contexto, mas esta forma apresenta vieses que impedem a construção de conceitos capazes de nos situar e de nos definir na sociedade e principalmente no universo.
A identidade do ser continua sendo apesar do tempo uma incognita e vai continuar sendo assim, enquanto nos mantivermos sob as influências dos pensadores do passado, sejam eles gregos, aziáticos, semitas e de sociedades isoladas, pois todas elas tiveram seus conceitos criados dentro de regras onde o mais forte domina sobre o mais fraco e de dogmas religiosos que nos impedem de buscar respostas para nossas perguntas sobre o como e o por que de tudo.
Nossas conclusões também foram afetadas pela falta de conhecimento sobre a nossa propria estrutura funcional, situação que tem mudado em função dos avanços tecnicos e cientificos que ocorreram em todas as áreas, principalmente na area de neurociência, pois pudemos entender melhor como funciona o nosso cerebro e nossas emoções, entretanto em função das influências que recebemos e até mesmo sofremos de varios conceitos, esbarramos em alguns pontos que nos impedem de darmos um salto em direção ao conhecimento da identidade do ser.
Algumas correntes buscam a identidade do ser usando os conceitos criados por Descartes, dividir e agrupar, considerado mecanicista, apoiado na ideia de que somos formados duas especies ou substâncias diferentes, o corpo e o espirito,  ou alma e corpo, como muitas analises prejudicadas por terem sido realizadas fora do contexto e sem as influências do meio recebeu muitas criticas, mas o dualismo também recebe oposição das analises sistêmicas, do monismo e do fisicalismo redutivo (para o qual tudo é fisica) e do fisicalismo não redutivo (nem tudo se explica apenas pela física) que apesar de considerar iguais a mente e o corpo, mente e cerebro, explicar a razão, a conciência, os qualias, usa a superveniência para entender os processos mentais sem reduzi-lo ao fisico, não havendo entretanto, lugar para o espirito nesta analise, recebe também oposição do emergentismo voltado para os conceitos e situações novas instanciadas e mesmo não sendo dualista nem reducionista, o emergentismo aceita que um sistema pode ter propiedades que não se reduzem a sua estrutura e função, (sendo o resultado final maior ou diferente da soma do fatores).

Concedemos al dualismo su papel histórico explicativo y aceptamos el emergentismo no monista y la opción por la afirmación del mundo del espíritu como la vía más abierta en la búsqueda del sentido de la realidad que nos trasciende. Ignacio Núñez de Castro 
epifenomenalismo
O "fisicalismo de instância" e definido por Kim nos seguintes termos
http://www.cfh.ufsc.br/~principi/p12-11.PDF 
Resenhas 319
"Todo evento que e uma instancia de um tipo de evento mental tambem e uma instancia de um tipo de evento fisico (ou, em outras palavras, todo evento que possui uma propriedade mental possui tambem alguma propriedade fisica)" (1996, p 59)


      

Si-mesmo ou Self 
Si mesmo (ing. self, al. Selbst) é um termo que tem uma longa história na psicologia. William James, um dos pais da psicologia, distigue em 1892 entre o "eu", como a instância interna conhecedora (I as knower), e o "si mesmo", como o conhecimento que o indivíduo tem sobre si próprio (self as known). Baumeister (1993), partindo da definição de James e do trabalho de C. H. Cooley, propõe que o "si mesmo" se baseia em três experiências básicas do ser humano:1. a consciência reflexiva, que é o conhecimento sobre si próprio e a capacidade de ter consciência de si; 2. a interpessoalidade dos relacionamentos humanos, através dos quais o indivíduo recebe informações sobre si; 3. a capacidade do ser humano de agir. Esse conhecimento que o "eu" tem sobre "si mesmo" tem dois aspectos distintos: por uma lado um aspecto descritivo chamado autoimagem e por outro um aspecto valorativo, a autoestima.”“ Muito conhecido é o uso jungiano do termo. Segundo Carl Gustav Jung, o principal arquétipo é o Si mesmo (ou Self). O Si mesmo é o centro de toda a personalidade. Dele emana todo o potencial energético de que a psique dispõe. É o ordenador dos processos psíquicos. Integra e equilibra todos os aspectos do inconsciente, devendo proporcionar, em situações normais, unidade e estabilidade à personalidade humana. Jung conceituou o Si mesmo da seguinte forma: “O Si mesmo representa o objetivo do homem inteiro, a saber, a realização de sua totalidade e de sua individualidade, com ou contra sua vontade. A dinâmica desse processo é o instinto, que vigia para que tudo o que pertence a uma vida individual figure ali, exatamente, com ou sem a concordância do sujeito, quer tenha consciência do que acontece, quer não.Os símbolos do Si mesmo geralmente ocorrem quando de alguma crise de vida, de um obstáculo com o qual o indivíduo não sabe lidar. Então, ele pode ocorrer nos sonhos ou em outros eventos simbólicos na forma de figuras transcendentais, ilustres personalidades, a "voz" de Deus, etc., ou figuras geométricas, 
normalmente na forma de mandalas, como a que se encontra acima.”  
Sartre - o homem esta condenado a ser livre, a liberdade confunde-se com a consciência, existe uma consciência (um sujeito) que me julga, a consciência não tem conteúdo, é intencional











 
18/12/13 - A personalidade é o caráter do meio, é o reflexo dos conflitos e ajustes decorrentes do antagonismo entre instinto e consciência, entre senciência e sapiência. 







 
QUALIA
O que é qualia? Qualia se faz plural de quale, palavra latina referente à qualidade abstraída como uma essência universal, independentemente da cor e da forma. O conceito é conhecido nos estudos da filosofia da mente como aspecto qualitativo das experiências humanas. Trata-se de um termo recuperado por Clarence Irving Lewis nos escritos Mind and the World Order (1929, p.21). Em termos gerais e filosóficos, os qualia se referem ao conhecimento adquirido pela experiência. Eles estão cientificamente e comumente relacionados ao conceito de consciência e trazem questionamentos sobre o problema da relação corpo-mente, ou entre o material e o espiritual.
Os qualia estão associados à fenomenologia das cores, sons, sabores, aromas e sensações táteis que enriquecem nossas experiências. Como é experienciar cores, sons, músicas, odores diversos, sentir dores, ódios e amores? Os qualia podem constituir um modo específico de ser de qualquer indivíduo ao determinar os modos de ser de todo indivíduo . Não se referem às propriedades dos objetos em si, tais quais cores, sons e cheiros,mas às experiências individuais que essas qualidades suscitam no indivíduo, chamada de “propriedades sensitivas subjetivas” que acompanham toda percepção.

Termo científico das ciências cognitivas que é definida como um conjunto de experiências, sentimentos e sensações pessoais que acompanham o estar consciente - são por assim dizer estados fenomenais, ou porções descritivas de uma cena mental. Cf.Daniel Dennet em Biologia da Consciencia -Instituto Piaget-1992.

Qualia é a característica subjetiva e qualitativa da experiência consciente. Determinada cor pode ser descrita objetivamente como determinado cumprimento de onda do espectro de luz visível. Mas a sensação subjetiva de ver determinada cor é algo que só pode ser obtido no âmbito da experiência individual. Devido ao seu caráter subjetivo, existe a discussão sobre a validade de sua consideração enquanto propriedades científicas. Para autores como Chalmers, o problema de explicar a natureza dos qualia é a problema difícil das pesquisas do cérebro e da mente.

http://www.laifi.com/laifi.php?id_laifi=575&idC=5061# 
http://filosofiadamenteecognicao.blogspot.com.br/2008/05/os-zumbis-de-chalmers.html

http://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/FILOGENESE/DanielBorgoni.pdf
David Chalmers
A obra de David Chalmers, The Conscious Mind (1996), se insere no debate filosófico que discute a natureza da consciência. Nesta, em contraponto às teorias materialistas que tentam explicar a consciência em termos de propriedades físicas, Chalmers apresenta sua teoria da consciência sob um fundo dualista. 

Exemplos de experiência consciente são as vívidas sensações de cores, as dores agudas, a angústia existencial, o saborear uma refeição, a esquiva experiência de pensamento, entre outras. Estas experiências têm uma qualidade experimentada que as diferencia. Podemos entender também estas qualidades como qualidades fenomênicas ou qualia.

“problema difícil e problema fácil da consciência”:

Chalmers afirma que os problemas fáceis referem-se ao aspecto psicológico da 
mente, enquanto o problema difícil, ao aspecto fenomênico da mente, tornando-se 
necessário separar conceitualmente ambos aspectos, para que os primeiros não 
camuflem o problema da experiência consciente envolvido nestes últimos. Segundo 
Chalmers, estes aspectos abrangem fenômenos distintos e reais. 
Desse modo, um estado é mental no sentido fenomênico quando é conscientemente experienciado, enquanto um estado é mental no sentido psicológico quando desempenha um papel causal na explicação de determinado comportamento.
Chalmers defende que uma análise funcional dos fenômenos associados à senciência seria suficiente para esclarecê-los, mas esta não é suficiente para explicar a existência de uma experiência consciente que acompanha estes fenômenos. A consciência, entendida como experiência consciente, daria conta daquilo que escapa às teorias que tentam explicá-la em termos de funções ou estrutura. Em resumo, os aspectos psicológicos da mente referem-se à senciência e os aspectos fenomênicos da mente referem-se à consciência, de modo que ambos cobrem fenômenos distintos e reais.
A nossa consciência não influencia nossas decisões ou julgamentos.
Em outra objeção à abordagem de Chalmers sobre a consciência, Searle (1998) afirma que aqueles que vêem a consciência como um mistério, e a postulam como uma propriedade para além do físico, estariam incorrendo no mesmo erro que os vitalistas incorreram a um século atrás, ao defenderem que para existir vida era necessário um élan vital.



Um zumbi filosófico ou p-zombie é um ser hipotético em tudo idêntico a um ser humano normal, exceto por não ter experiência conscientequaliasentiência, ou sapiência. Quando um zumbi é espetado com um objeto afiado, por exemplo, ele não sente qualquer dor; comporta-se exatamente como se tivesse dor (pode por exemplo dizer algo em protesto), mas não tem uma verdadeira experiência de dor como uma pessoa teria.
O conceito de zumbi filosófico é usado principalmente em argumentos (frequentemente chamados argumentos do zumbi) na filosofia da mente, particularmente em argumentos contra certas formas de fisicalismo, como o materialismo e o behaviorismo. 


assim como a ciência a partir da matéria descobriu a energia e ao chegar aos emaranhados quânticos parou perplexa diante da incerteza dos princípios, pouco podendo progredir no conhecimento do universo, pois os conceitos deixaram de ser auto explicáveis, isto engloba tanto os conceitos concretos e/ou abstratos, materiais e/ou imateriais, imanentes e/ou transcendentes em relação a todos os entes, assim sendo o conceito de espírito enquanto um ente ainda é indefinido, falta assim como falta um conceito que possa explicar a conexão, a interação a integração e a inter relação entre todos os entes do universo conhecido, pois a ciência encontra-se até agora neste emaranhado quântico sem encontrar uma saída tecnológica que possa dispensar a constante de Deus, Deus que para Albert Einstein não joga dados, mas tem segredos que ainda estamos longe de desvendar, assim como temos dificuldade para explicar o amor que nos conecta com tudo
Ser humano não é o que você é mas quem você é.


Leia mais: http://www.mundodosfilosofos.com.br/hegel2.htm#ixzz2lh1S5X1A

O espírito no cosmos, no ser humano e em Deus

26/05/2012

Vivemos numa época, particularmente, anêmica de espírito. A cultura do consumo afogou o espírito na materialidade opaca. E sem espírito perdemos o que há de melhor em nós: a comunicação livre, a cooperação solidária, a compaixão amorosa, o amor sensível e a sensibilidade cordial pelo outro lado de todas as coisas, de onde nos vem mensagens de beleza, de grandeza, de admiração, de respeito, de veneração e de transcedência.
Neste domingo, dia de Pentecostes, os cristão celebram a irrupção do Espírito sobre amentrontados seguidores de Jesus. Transformou-os em corajos mensageiros de sua mensagem libertadora, alcançando-nos a nós até os dias de hoje. Nesta oportunidade, cabe uma reflexão sobre o espírito em minúsculo e sobre o Espírito em maiúsculo.
O espírito: primeiro no universo depois em nós
Somos, singularmente, portadores de grande energia. É  o espírito em nós. O espírito, na perspectiva da nova cosmologia, é tão ancestral quanto o cosmos. Espírito é aquela capacidade que os seres, mesmo os mais originários, como os hádrions, os topquarks, os prótons e os átomos possuem de se relacionarem, trocarem informações e de criarem redes de inter-retro-conexões, responsáveis pela unidade complexa do todo. É próprio do espírito criar unidades cada vez mais altas e elegantes.
O espírito, primeiramente, está no mundo, somente depois está em nós. Entre o espírito de uma árvore e nós a diferença não é de princípio. Ambos são portadores de espírito. A diferença reside no modo de sua realização. Em nós seres humanos, o espírito aparece como aucoconsciência e liberdade.
Espírito humano é aquele momento da consciência em que ela se sente parte de um todo maior, capta a totalidade e a unidade e se dá conta de que um fio liga e re-liga todas as coisas, fazendo que sejam um cosmos e não um caos. Como se relaciona com o Todo, o espírito em nós nos faz sermos um projeto infinito, uma abertura total, ao outro, ao mundo e a Deus.
A vida, a consciência e o espírito pertencem, portanto, ao quadro geral das coisas, ao universo, mais concretamente, à nossa galáxia, à Via-Láctea, ao sistema solar e ao planeta Terra. Para que tivessem surgido, foi preciso uma calibragem refinadíssima de todos os elementos, especialmente, das assim chamadas constantes da natureza (velocidade da luz, as quatro energias fundamentais, a carga dos elétrons, as radiações atômicas, a curvatura do espaço-tempo entre outras). Se assim não fosse não estaríamos aqui escrevendo sobre isso.
Refiro apenas um dado do último livro do astrofísico e matemático Stephen Hawing “Uma nova história do tempo”(2005):”Se a carga elétrica do elétron tivesse sido ligeiramente diferente, teria rompido o equilíbrio da força eletromagnética e gravitacional nas estrelas e, ou elas teriam sido incapazes de queimar o hidrogênio e o hélio, ou então não teriam explodido. De uma maneira ou de outra a vida não poderia existir”(p.120). A vida pertence,pois, ao quadro geral.
O princípio andrópico fraco e forte
Para conferir alguma compreensão a esta refinada combinação de fatores se criou a expressão “princípio andrópico” (que tem a ver com o homem). Por ele se procura responder a esta pergunta que naturalmente colocamos: por que as coisas são como são? A resposta só pode ser: se fosse diferente nós não estaríamos aqui. Respondendo assim não cairíamos no famoso antropocentrismo que afirma: as coisas só têm sentido quando ordenadas ao ser humano, feito centro de tudo, rei e rainha do universo?
Há esse risco. Por isso os cosmólogos distinguem o princípio andrópico forte e fraco. O forte diz: as condições iniciais e as constantes cosmológicas se organizaram de tal forma que, num dado momento da evolução, a vida e a inteligência deveriam necessariamente surgir. Esta compreensão favoreceria a centralidade do ser humano. O princípio andrópico fraco é mais cauteloso e afirma: as precondições iniciais e cosmológicas se articularam de tal forma que a vida e a inteligência poderiam surgir. Essa formulação deixa aberto o caminho da evolução que demais a mais é regida pelo princípio da indeterminação de Heisenberg e pela autopoiesis de Maturana-Varela.
Mas olhando para trás, nos bilhões de anos, constatamos que de fato assim ocorreu: há 3,8 bilhões de anos surgiu a vida e há uns quatro  milhões de anos, a inteligência. Nisso não vai uma defesa do “desenho inteligente” ou  da mão da Providência divina. Apenas que o universo não é absurdo. Ele vem carregado de propósito. Há uma seta do tempo apontando para frente. Como afirmou o astrofísico e cosmólogo Feeman Dyson:”parece que o universo, de alguma maneira, sabia que um dia nós iríamos chegar” e preparou tudo para que pudéssemos ser acolhidos e fazer o nosso caminho de ascensão no processo evolucionário.
O universo autoconsciente
O grande matemático e físico quântico Amit Goswami, que muito vem ao Brasil,  sustenta a tese de que o universo é autoconsciente (O universo autoconsciente, Record 2002). No ser humano ele conhece uma emergência singular, pela qual o próprio universo através de nós se vê a si mesmo, contempla sua majestática grandeza e chega a uma certa culminância.
Cabe ainda considerar que o cosmos está em gênese, se autoconstruindo e em expansão contínua. Cada ser mostra uma propensão inata a irromper, crescer e irradiar. O ser humano também. Apareceu no cenário quando 99,96% de tudo já estava pronto. Ele é expressão do impulso cósmico para formas mais complexas e altas de existência.
Alguns aventam a idéia: mas não seria tudo puro acaso? O acaso não pode ser excluído, como mostrou Jacques Monod no seu livro  O acaso e a necessidade, o que lhe valeu o prêmio Nobel em biologia. Mas ele não explica tudo. Bioquímicos comprovaram que para os aminoácidos e as duas mil enzimas subjacentes à vida pudessem se aproximar, constituir uma cadeia ordenada e formar uma célula viva seriam necessários trilhões e trilhões de anos. Portanto mais tempo do que o universo e a Terra possuem que é de 13,7 bilhões de anos.
Talvez o recurso ao acaso mostre apenas nossa incapacidade de entender ordens superiores e extremamente complexas como a consciência,  a inteligência, o afeto e o  amor. Neste sentido a visão de Pierre Teilhard de Chardin do universo que mais e mais se complexifica e assim permite a emergência da consciência e da percepção de um ponto Ómega da evolução na direção do qual estamos viajando, seja mais adequada para expressar a dinâmica mesma do universo.
Não seria melhor  calarmos reverentes e respeitosos diante do mistério da existência e do sentido do universo?
Depois destas reflexões já estamos habilitados a abordar a dimensão teológica do espírito como  Espírito Criador.
O Espírito Criador e a cosmogênese
Como não podia deixar de ser, Deus também é incluido na dimensão do espírito. E por excelência. Está presente na primeira página da Bíblia quando se narra a criação do céu e da terra. Diz-se que sobre o touwabohu, isto é, sobre o caos, melhor, sobre as águas primitivas “soprava um ruah (um vento, uma energia) impetuoso” (Gn 1,2). Daquele caos tirou todas as ordens: os seres inanimados, os animados e o ser humano. A este, tirado do pó como todos os demais, Deus “soprou-lhe nas narinas o ruah de vida, o espírito, e ele tornou-se um ser vivo”(Gn 2,7). É no capítulo 37 de Ezequiel que irrompe, de forma insuperavelmente plástica, a força vital do espírito. Quando este vem, os ossos ressequidos ganham carne e se transformam em vida.
Também as expressões mais altas do ser humano são atribuidos à presença do espírito nele, como a sabedoria e a fortaleza (Is 11,2), a riqueza de idéias (Jo 32,28), o senso artístico (Ex 28,3), o desejo ardente de ver Deus e o sentimento de culpa e a consequente penitência (Ex 35,21; Jr 51,1; Esd 1,1; Es 26,9; Sl 34,19; Ez 11,19; 18,31).
Deus “tem” espírito
Esta força criadora e vivificadora é eminentemente possuida por Deus. As Escrituras falam com frequência do espírito de Deus (ruah Elohim). Ele é dado a Sansão para ter força portentosa (Jz 14,6; 19,15), aos profestas para terem coragem de denunciar em nome dos pobres da Terra as injustiças que padecem, para enfrentar o rei, os poderosos e anunciar-lhes o juizo de Deus.
Especialmente no judaismo inter-testamentário se esperava para os fins dos tempos a efusão do espírito sobre toda a criatura (Jl 2,28-32; At 2, 17-21). O Messias será “forte no espírito” e virá dotado de todos os dons do espírito (Is 11,1ss).
É neste contexto do judaismo tardio que surge a tendência de personificar o espírito. Ele continua sendo uma qualidade da natureza, do ser humano e de Deus. Mas sua ação na história é tão densa que começa a ganhar autonomia. Assim se diz, por exemplo, que “o espírito exorta, se aflige, grita, se alegra, consola, respousa sobre alguém, purifica, santifica e enche o unverso”. Jamais se pensa nele como criatura, mas algo do mundo de Deus que, quando se manifesta na vida e na história, tudo transforma.
O Espírito é Deus
A compreensão começou a mudar quando se cunhou uma expressão decisivia:”espírito de santidade” ou “espírito santo”. Esta formulação guarda certa ambiguidade, pois pode-se dizer espírito santo para se evitar dizer o nome de Deus (coisa que  os judeus até hoje, por respeito, evitam) como pode-se significar o próprio Deus. “Santo” para a mentalidade hebraica, é o nome por excelência de Deus o que equivale dizer na compreensão grega Deus como  transcendente, distinto de todo e qualquer ser da criação.
Em resumo podemos afirmar: pela palavra espírito (ruah) aplicado a Deus (Deus “tem” espírito, Deus envia o seu espírito, o espírito de Deus) os judeus expressavam a seguinte experiência: Deus não está atado a nada; irrompe onde quer; confunde planos humanos; mostra uma força à qual ninguém pode resistir; revela uma sabedoria que torna estultície todo o nosso saber. Assim Deus se mostrou aos líderes políticos, aos profetas, aos sábios, ao povo, especialmente, em momentos de crise nacional (Jz 6,33; 11, 29; 1 Sam 11,6).
Assim como é dado ao rei para que governe com sabedoria e prudência, no caso o rei Davi (1 Sam 16,13) será dado também ao servo sofredor, destituido de toda pompa e grandiloquência (Is 42,1) Em Is 61,1 se diz explicitamente:”o espírito de Javé está sobre mim porque Javé me ungiu… para anunciar a libertação dos cativos e a boa-nova para os pobres”, texto que Jesus aplicará a si na sua primeira aparição na sinagoga de Nazaré (Lc 4, 17-21). Por fim, o espírito de Deus não sinaliza apenas sua ação inovadora no mundo, mas aponta para o próprio ser de Deus. O espírito é Deus. E Deus é  Espírito. Como Deus é santo, o Espírito será  o Espírito Santo.
O Espírito Santo penetra tudo, abarca tudo, está para além de qualquer limitação. “Para onde irei para estar longe de teu Espírito? Aonde fugirei para estar longe de tua face? Se eu escalar os céus, ai estás, se me colocar no abismo, também ai estás”(Sl 139,7) Até o mal não está fora de seu alcance. Tudo o que tem a ver com mutação, ruptura, vida e novidade tem a ver com o espírito. O Espírito Santo está tão unido à história que ela de profana se transforma em história santa e sagrada.
O Espírito num mundo sem espírito e em degradação
Hoje sentimos a urgência da irrupção do Espírito Santo como na primeira manhã da criação.  ACarta da Terra, face à crise mundial ecológica, com energias negativas que nos podem arrastar ao abismo, afirma:”Como nunca antes da história, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal…Temos ainda muito que aprender  a partir da busca conjunta por verdade e sabedoria (final).
Cabe ao Espírito iluminar nossa mente e transformar nosso coração. Se fizermos esta conversão dificilmente escaparemos das ameaças que pesam sobre o sistema-vida e sistema-Terra. Cabe ao Espírito a capaciadade de transformar o caos destrutivo em caos criativo, como operou no primeiro momento do big bang. Ele pode transformar a tragédia possível numa crise acrisoladora que nos permite dar um salto de qualidade rumo a uma nova ordem, mais alta, mais humana, mas cordial, mais amorosa e mais espiritual. O universo, a Terra e cada um de nós somos templos do Espírito. Ele não permitirá que seja desmantelado e destruido.
Importa suplicar ao Espírito: Vem, Espírito Criador! Renove a face da Terra, aqueça nossos corações e rasgue um horizonte de sentido e de esperança para a nossa realidade humana desumanizada.
Leonardo Boff é coteólogo, um dos redatores da Carta da Terra e escritor.